The Wailing – Review

Oi,

No último fim de semana assisti The Wailing e me surpreendi. Eu tenho pra mim que filmes coreanos não são pra qualquer pessoa. Eu sempre gostei muito deles e dou preferência sempre. Um dos filmes que mais gosto e sempre indico é I Saw The Devil de Jee-woon Kim. As pessoas deveriam prestar mais atenção neles.

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The Wailing/Goksung (2016) – de Hong-jin Na, o filme se passa numa vila pacífica sul-coreana que começa a ter sua tranquilidade ameaçada quando os moradores aos poucos enlouquecem e começam a matar suas famílias e vizinhos num surto psicótico inexplicável. Os sobreviventes eram encontrados num estado meio catatônico, cobertos por bolhas, praticamente em decomposição e por conta disso começam a suspeitar do uso de cogumelos selvagens. Se você gosta de experimentar várias sensações durante um filme, esse será uma experiência incrível. Quando o sargento da polícia local (Jong-Goo) entra em cena com seu jeito atrapalhado e caricato, o filme chega a ser até engraçado, mas essa graça some completamente ao longo da trama. Não é um filme fácil de digerir e sempre que você acha que começou a entender o que está acontecendo ele dá uma reviravolta que te deixa até atordoado. Esse sim é um filme que desgraça sua cabeça. Hong-jin não poupou esforços para chocar e levar tudo até os extremos. Tudo começa a ficar ainda mais intenso quando a filha do sargento pega a mesma doença/maldição que os envolvidos nos assassinatos. Ele começa então a ouvir as pessoas da vila que suspeitam que tudo isso está acontecendo por causa de um forasteiro japonês (Jun Kunimura, que já fez Kill Bill de Quentin Tarantino e Audition de Takashi Miike) que começou a viver ali por perto e que segundo eles não é humano. Ele deixa também sua mãe trazer um xamã pra tentar ajudar a menina. A atmosfera inquietante do filme é pontuada por muita tensão, ocultismo, misticismo, suspense, investigação policial, possessões demoníacas e até uma pitada de humor. Hong-jin Na mostrou sua capacidade de mesclar de forma genial vários gêneros e de te desafiar durante o filme inteiro. A chuva é quase sempre presente e nos transporta pra lá de uma maneira que parece estar chovendo na nossa própria casa. Os cadáveres estão sempre no meio de muita lama e sangue. Tem morte por todo lado, dá pra sentir até o cheiro.

Assistam.

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Monster – Anime review

Oi.

Comentei esses dias no Twitter que iria começar a indicar alguns animes/mangás que gosto muito. Estou por fora dos animes atuais porque faz alguns anos que o único mangá que continuo acompanhando é Berserk (meu favorito). Porém, hoje não vou falar de Berserk. Até porque o anime é extremamente antigo e não transmite nem a metade do que é a história de verdade (o mangá até hoje ainda é lançado) e acredito que as pessoas tenham mais facilidade em assistir um anime do que ler os mangás. Por isso resolvi falar de Monster.

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Monster – O mangá de Naoki Urasawa foi publicado no Japão entre 1994 e 2001 e fez tanto sucesso que ganhou uma adaptação em anime com 74 episódios que foram exibidos entre 2004 e 2005. Sempre prefiro mangás por contarem de forma muito mais fiel as histórias sem muita enrolação. Mas Monster é um dos poucos em que o anime permanece fiel do começo ao fim. É um suspense policial do gênero seinen (que é voltado para o público adulto) que gira em torno de um neurocirurgião (Dr. Tenma) que é bastante respeitado no hospital em que trabalha e pelo fato de suas cirurgias serem sempre importantes e bem sucedidas, também é o favorito do diretor do hospital. Já que eleva a reputação do mesmo. Graças a isso e ao seu futuro promissor, ele também é noivo da filha do diretor. Por ser o cirurgião mais aclamado e ter sucesso em cirurgias de alto risco, seus pacientes eram sempre pessoas importantes e era obrigação dele dar prioridade a eles para aumentar a reputação do hospital. Mesmo sendo uma pessoa boa e honesta e não concordando muito com essa política, ele se submetia a isso para continuar na equipe principal de cirurgia. Dr. Tenma começou a se questionar mais quando foi confrontado por uma mulher que perdeu o marido e o culpou dizendo que se ele tivesse realizado a cirurgia ele não teria morrido. Depois disso, Tenma começa a questionar seus valores éticos e morais e é colocado em uma situação em que precisa escolher entre salvar a vida de um menino baleado na cabeça em coma e o prefeito da cidade que teve um derrame. Ele decidiu salvar a vida do menino e o prefeito acabou morrendo pois foi operado por outro cirurgião. O diretor do hospital o rebaixou do cargo e disse que ele nunca mais conseguiria subir na carreira pois tinha humilhado o hospital. Perdeu a noiva também (filha do diretor) além do cargo de confiança. O menino e a sua irmã gêmea (que estava em choque) eram sobreviventes de um massacre horrível que havia acontecido em uma mansão. Misteriosamente, os irmãos desaparecem e toda a equipe médica (incluindo o diretor) que prejudicaram a carreira do médico é assassinada. Dr. Tenma virou suspeito na época (deixando o detetive Lunge totalmente obcecado por ele durante todo o anime) mas mesmo assim conseguiu assumir o cargo de cirurgião-chefe. Depois de 10 anos, alguns assassinatos em série estavam ocorrendo por toda a Alemanha e um suspeito do caso chega ao hospital para ser operado. Em uma noite, o suspeito foge amedrontado por alguma coisa e Dr. Tenma o segue. Em seguida vê o menino que salvou 10 anos atrás (só que crescido agora) matar o suspeito a tiros e sumir novamente sem deixar rastros.

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A suspeita dos assassinatos de 10 anos atrás recai sobre ele e também dos atuais. Ele vira um foragido da lei sendo procurado como serial killer. Começa então a dedicar sua vida a encontrar Johan para provar sua inocência. Além disso ele carrega uma culpa enorme por salvar uma vida que não deveria ter sido salva e quer acabar com ela com as próprias mãos. Na medida que ele vai se aprofundando no caso e conhecendo pessoas que já passaram pela vida de Johan, ele vai descobrindo mais coisas horríveis e de algo muito mais macabro por trás disso tudo.

O anime é extremamente violento. Porém, de forma psicológica. Todos os personagens são realistas e os acontecimentos e fatos históricos que aconteceram na época são representados de forma muito fiel. O anime ocorre na Alemanha na época da queda do muro de Berlim. Não existe humor, romances desnecessários e nem clichês em Monster. Johan é um psicopata clássico muito bem construído e em vários momentos você se pega sendo cativado por ele. Me lembrou muito o Griffith de Berserk em alguns aspectos. Aparência angelical e ideias perturbadoras. Não teria como eu indicar o anime sem essa introdução. E também não posso ir muito além disso pra não estragar. Está entre meus animes favoritos. É extremamente genial, perturbador e de uma complexidade psicológica gigantesca.

No começo do anime você já dá de cara com a passagem bíblica sobre a chegada do anticristo:

“Vi, então, levantar-se do mar uma Fera que tinha dez chifres e sete cabeças; sobre os chifres, dez diademas; e nas suas cabeças, nomes blasfematórios. A Fera que eu vi era semelhante a uma pantera: os pés como os de urso e as faces como as de leão. Deu-lhe o Dragão o seu poder, o seu trono e a sua autoridade. Uma das suas cabeças estava como que ferida de morte, mas essa ferida de morte fora curada. E todos, pasmados de admiração, seguiram a Fera e prostaram-se diante do Dragão, porque dera o seu prestígio à Fera, e prostaram-se igualmente diante da Fera, dizendo: “Quem é semelhante Fera e quem poderá lutar com ela?”

A construção dos personagens é feita com muito cuidado e todos eles são muito profundos. Muitos deles com problemas psicológicos gravíssimos. Os 74 episódios passam voando e nunca ficam entediantes. A trilha sonora é muito boa e combina com todos os elementos da trama. Você se sente cada vez mais envolvido e não consegue parar de assistir. Recomendo muito o anime e o mangá. Principalmente pra quem não está acostumado com eles. Vai se surpreender.

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Beijos.

 

The Conjuring 2 – Review

Oi,

antes tarde do que nunca, hoje vou indicar The Conjuring 2.

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The Conjuring 2, 2016 (Invocação do Mal 2) – De James Wan e baseado na história real de Enfield Poltergeist, o filme já começa fazendo referência a um dos meus filmes de terror favoritos: The Amityville Horror. O casal Ed (Patrick Wilson) and Lorraine Warren (Vera Farmiga) aparece investigando se os eventos ocorridos nesse massacre teriam ou não influência demoníaca. Lorraine usa sua habilidade de se comunicar com o sobrenatural e acaba tendo uma experiência fora do corpo onde vivenciou todos os assassinatos. Durante essa experiência ela encontrou a entidade demoníaca que a acompanha durante todo o filme. Uma freira demoníaca. E pra piorar ela teve uma visão da suposta morte de Ed.
Depois disso nos é apresentada a família Hodgson, na Inglaterra. A família é composta por uma mãe solteira (que sofre para manter sozinha a casa e os filhos sem a ajuda do marido que foi embora) e mais 4 crianças. Uma das crianças, Janet, começa a ter problemas durante a noite como ouvir barulhos estranhos e sonambulismo. Ela acorda várias vezes em uma poltrona velha que tem na casa. Esses eventos vão piorando até que o pior acontece.
Possessão demoníaca em crianças pra mim é sempre motivo suficiente para assistir um filme. Principalmente se ela é possuída por um velho que resulta em cenas bizarríssimas onde a menina fala e soa exatamente como ele. Depois de vários acontecimentos, as autoridades locais entram em contato com os Warrens para eles investigarem e determinarem se a família estaria ou não passando por um caso real de possessão ou se era só fingimento. O jeito que Wan brinca com as câmeras leva sempre o filme para um outro nível e produz um medo muito real. Me remete muito aos filmes antigos de terror dos anos 70 e 80 como The Omen, Poltergeist, The Shining e The Exorcist. Chegou até a me lembrar o filme recente The Babadook por usar cantos e rimas infantis e brinquedos para induzir mais ainda ao medo. Além de produzir um filme que é ambientado nessa época, ele usa e abusa de uma forma muito inteligente dos movimentos de câmera que eram usados nos filmes da época. Ele sabe muito bem como usar o som, música e zoom da câmera para induzir profundamente a sensação de terror. O primeiro filme da franquia, The Conjuring, foi uma surpresa enorme pra mim. Virou um dos meus favoritos de todos os tempos no meio de vários fracassos que estavam sendo lançados. Como fã, fiquei feliz e triste ao mesmo tempo quando descobri que sairia o 2. Mas não me decepcionei. Apesar de ainda preferir o primeiro, a sequência não deixa a desejar. Antes de The Conjuring 2 ser lançado, ainda teve Annabelle, não considero da franquia por não ter sido dirigido por Wan porém a boneca aparece no primeiro filme. Não existe nada em The Conjuring 2 que já não tenha sido feito antes em filmes de possessão, mas Wan é muito bom no que faz e por isso os filmes se destacam dos outros. Não espere algo melhor que o primeiro mas pode ter certeza que é outro filme extremamente bom.

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Medianeras – Review

Oi!
Ontem estava passando os canais e acabei começando a assistir um filme que estava passando. No começo não dei muita bola mas depois de um tempo notei que estava completamente presa a ele. Sou muito fã de filmes estrangeiros e a maioria deles me marca de alguma forma.

Medianeras (Sidewalls, 2011) – Escrito e dirigido por Gustavo Taretto, o filme se passa em meio ao caos de Buenos Aires e conta a história de duas pessoas particularmente neuróticas e bastante solitárias que foram feitas uma para a outra e são basicamente vizinhas e apesar de se cruzarem várias vezes, nunca se encontraram.

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Martin é agorafóbico e Mariana tem fobia de elevador. Me identifiquei muito com ambos. Retrata muito bem como o isolamento urbano e a internet aproximam e afastam as pessoas de uma maneira que chega até a ser perturbadora. Mostra bem a solidão vivenciada pelas pessoas nas grandes metrópoles. Acho que é muito fácil se identificar e compreender o filme pois descreve bem a realidade de alienação da era atual da internet. A solidão cotidiana em meio a arquitetura (que é muito bem explorada) é muito familiar. Mariana menciona várias vezes os livros de “Onde está o Wally” e isso me chamou atenção logo de cara. Já tive todos eles e sempre gostei muito. Fora que na cena final do filme, Martin, está vestido exatamente como Wally. Como não amar um filme com uma sacada dessas?

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Beijos.

Stranger Things – Review

Oi.

Esse fim de semana terminamos Stranger Things no mesmo dia em que começamos. Por isso vamos indicar pra vocês.

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Stranger Things – Série original da Netflix dos diretores Matt and Ross Duffer (Duffer Brothers) esse sci-fi horror traz muita nostalgia para quem é fã de filmes dos anos 80. A história acontece em 1983 e gira em torno do desaparecimento misterioso de Will (Noah Schnapp). Will faz parte de um grupo de amigos composto por ele e mais 3 garotos que saem a procura dele. Se você é fã de filmes como The Thing, Poltergeist, E.T., Alien, Freaks and Geeks, Carrie, Stand by Me, The Goonies, Close Encounters of the Third Kind e outros semelhantes eu não tenho dúvidas que a série foi feita pra você. Me remeteu até The X-Files que é a minha série favorita da vida e também Twilight Zone. Stranger Things foi pra mim o que Super 8 não conseguiu ser. O elenco fez seu papel perfeitamente. Principalmente as crianças. Winona Ryder também está no elenco adulto da série. Stranger Things é um aglomerado de referências do cinema atual e da década de oitenta, com referências tão claras de clássicos da ficção científica nos elementos primordiais de composição: cenário, figurino e principalmente a fotografia. A fotografia é perfeita, muita cor, muita composição de luz, muito trabalho sinergético de temperaturas, mas periodicamente trazendo mais a tonalização fria aos ambientes de ação e clímax. Mas vamos começar pela abertura: que abertura absurda. Ela é linda, limpa, harmônica e submerge tanto à uma sensação quase que subconsciente a um tempo que não volta mais. Não importa se você não nasceu na década de oitenta. Ela nos remete à uma impressão analógica e particularmente me lembrou muito as aberturas de filmes em VHS (bom, se você nunca assistiu nada em VHS talvez não te remeta a nada mesmo, mas o movimento do título é típico de um cinema hollywoodiano que eu não vejo mais e que eu tenho medo que não volte). A trilha sonora vai de jefferson Airplane, Peter Gabriel numa versão maravilhosa de “Heroes” do David Bowie a The Clash, New Order, Joy Division e mais algumas bandas incríveis que trazem toda a década de 80 à trilha da série. Só pela trilha ela já vai te convidar logo no primeiro episódio. Todas as referências literárias, cinematográficas e habituais de Stranger Things dialogam com fidelidade à estética anos 80 – low tech – nerd. É perceptível encontrar referências de David Lynch na forma de se criar suspense e até a própria narrativa do desenrolar da história remete muito a Twin Peaks. Trabalhando com um lado sobrenatural desconhecido e não-terrestre. Algumas cenas específicas dos episódios finais nos trazem de imediato “Under The Skin” de 2014 do Jonathan Glazer na cabeça; um filme muito atual e que é bem nítida a semelhança referencial tanto do enredo da cena quanto do cenário e, obviamente, os planos, cortes e movimentos. Praticamente idênticos.

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Sobre a atuação a Winona Rider tá incrível, como sempre. Mas o que encanta é o relacionamento das crianças, como elas são fieis e como a série mostra a sabedoria genuina que todos temos dentro da gente durante a infância e como ela nos transporta à um sentido de amizade que se perde no decorrer do tempo. Quanto mais envelhecemos menos compreendemos o real sentido da amizade, porque o material, o dinheiro e os interesses pessoais passam a ser prioridade e muito mais importantes do que o coletivo e as pessoas que nos cercam. São 3 personagens extremamente fortes, em qualquer que seja o sentido: literal, figurado, o que for. Eles são personagens com uma presença, carisma e fidelidade à infância extraordinários. E quem já trabalhou ou já presenciou o quanto é difícil trabalhar com crianças no cinema sabe que fazer uma série com três como personagens centrais não é tarefa simples. É uma série com tantos elementos recordáveis, com uma essência tão sentimental e quase íntima pra quem viveu durante esse tempo ou pegou a época das fitas em VHS, locadoras, jogos de RPG de mesa, fitas cassete, walkman… conseguindo conquistar até mesmo o público mais jovem resgatando um lado puro e essencial da diversão, da brincadeira e dos jogos: a imaginação. Algo primordial que se perdeu muito na atualidade, onde estamos cercados por telas, imagens e jogos de qualquer tipo que acaba se tornando uma fonte anestésica, atrofiando a imaginação e o quão eufórica e intensa ela pode ser. Confesso que é uma série que emociona não pelo tema, nem pela narrativa ou pelo desfecho, mas pelo que ela propõe: resgatar uma sensação que não vai voltar mais. E por saber disso e ter vivido é que tudo fica mais triste. Parece que a gente anda cada vez mais perdendo o gosto pelo toque (que não seja uma tela), pelo movimento e pela simplicidade das coisas.

Me contem nos comentários o que acharam ou estão achando da série. Beijos.

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Débora e Luca