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Nocturnal Animals (Animais Noturnos) – Review

Oi,

Passei aqui hoje para indicar mais um filme. Eu tenho uma mania “infantil” (digo infantil porque faço isso desde criança) que é sempre escolher alguém para “ser” nas coisas que assisto/leio. Qualquer coisa. Desenho, seriado, filme, anime, livro, mangá… qualquer coisa. Eu sempre tenho que escolher aquele personagem que eu me identifico tanto que a partir daquele momento eu ajo como se fosse ele, tudo que acontece com ele na trama eu sinto como se fosse comigo. Me irrito junto, fico triste, fico feliz. Pode parecer totalmente bobo mas é uma mania que eu carrego comigo até hoje. Tanto é que se eu não gostar nem me identificar com nenhum personagem tanto assim, eu não consigo me apegar nem me prender ao que vou ler/assistir. Por mas que falem o quanto é bom. E provavelmente pode ser.

Mas voltando ao que realmente importa, nesse filme eu me vi nos dois personagens principais. Eu não consegui escolher nem um, nem outro. Tinha um pouco de mim em cada um deles. E foi logo nessa hora, nos primeiros minutos e nas primeiras cenas que eu já sabia que passaria o filme inteiro com aquele nó na garganta. Já aviso que não é um filme pra qualquer um. Ele já começa te dando tapas na cara.

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Nocturnal Animals (Animais Noturnos) 2016 – Um filme de Tom Ford, adaptado do romance escrito em 1993 por Austin Wright, Tony and Susan, esteticamente belo e impecável, é composto por basicamente três narrativas. Susan Morrow (Amy Adams) é uma artista bem sucedida visivelmente infeliz em todos os aspectos da vida, apesar de seu visual deslumbrante e elegante desde os sapatos até os fios de cabelo. Tudo em sua vida reflete suas escolhas ruins, principalmente seu atual casamento que é totalmente vazio e superficial, o que mais vemos atualmente quando envolve muito dinheiro na família e aparências. O clichê dos relacionamentos falsos. Na volta de uma exposição em uma galeria de arte, recebe um manuscrito de um livro que seu ex marido escreveu e dedicou a ela, chamado Animais Noturnos. A partir daí, inicia a segunda narrativa, que é quando ela começa a ler o livro e a história como ela está imaginando enquanto lê começa a ser mostrada. Jake Gyllenhaal faz o papel do protagonista do livro (Tony) e também do ex marido de Susan (Edward). Eu não vou contar a história do livro pra não estragar toda a experiência de vocês, mas é repugnante, violenta, revoltante, esclarecedora e também dá vida a dois dos melhores personagens da trama que é o caipira psicopata Ray Marcus (Aaron Taylor-Johnson) e o policial Bobby Andes (Michal Shannon). A terceira narrativa são flash backs do relacionamento de Susan com Edward e são as que mais me partiram o coração. Eu acho tão tragicamente real casos em que as pessoas acabam virando aquilo que elas sempre detestaram e isso é mais comum do que se imagina. É algo quase impregnado no nosso inconsciente. Principalmente quando a pessoa em questão é o pai ou a mãe. O filme tem um ar pesado e claustrofóbico. Não é pra qualquer um. Tenho certeza que muitos não vão gostar e eu não tenho como falar muito sem dar spoilers. Mas posso dizer que o romance de Edward é seu grito de desespero e angústia  e uma mensagem para que Susan entenda toda a dor que ela o causou. E uma coisa é certa: ela entende a mensagem.

Eu não gostei tanto assim de  Garota Exemplar (2014), mas se você gostou as chances de gostar desse são bem grandes.

É um filme sobre vingança. Mas não só sobre isso, é sobre arrependimento, escolhas ruins e tudo que torna uma pessoa verdadeiramente infeliz. É um filme para refletir. Não espere um suspense nem um filme bonito sobre relacionamentos. Na minha opinião é mais um drama obscuro que vai te dar muitos choques de realidade.

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Se alguém já assistiu comenta aqui. Queria muito deixar minhas teorias e opiniões sobre o final mas não teria como mesmo por causa de spoilers, mas deixem comentários. Quero muito saber o que acharam.

Até a próxima.

 

 

El Secreto de Sus Ojos – Review

Oi.

Comecei a assistir esse filme achando um pouco chato e comum e terminei chorando e me questionando sobre várias coisas da vida. Mais um filme que prova a grandiosidade do cinema argentino. Ele ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro e está disponível na Netflix.

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El Secreto de Sus Ojos (The Secret in Their Eyes) – de  Juan Jose Campanella, conta a história de um investigador criminal aposentado (Benjamin) que resolve escrever um romance sobre um dos casos mais marcantes de sua carreira: um brutal assassinato que ocorreu em 1974. Ele vai atrás então de sua ex chefe Irene que na época também fez parte da investigação. O filme é uma viagem de ida e volta no tempo entre Buenos Aires de 1974 e 2000. Ao estudar o caso novamente, o romance adormecido entre Benjamin e Irene também acorda. Não posso deixar de mencionar Sandoval, o assistente de Benjamin na investigação. Um bêbado muito carismático que tem um papel essencial na trama.

O filme gira em torno de duas histórias (mas de forma muito sutil). O caso do assassinato e o romance mal resolvido entre os dois. O roteiro do filme é surpreendente e muito sensível, você com certeza irá se identificar com alguns dos dilemas vivenciados pelos personagens. Mexe com todos os tipos de emoções. As atuações são impecáveis e os personagens muito bem construídos. A fotografia é maravilhosa e é repleto de cenas e diálogos marcantes.

“As pessoas podem mudar de tudo: de cara, de casa, de família, namorada, religião, de Deus. Mas tem uma coisa que não se pode mudar, Benjamín. Não se pode trocar de paixão.”

“Como se faz para viver uma vida vazia? Como se faz para viver uma vida cheia de nada?”

O silêncio está bastante presente também e os olhares são muito fortes. As cenas silenciosas conseguem passar exatamente o que o diretor quer passar. É um filme totalmente imersivo e quando você se dá conta, está completamente envolvido na história e preso a ele. Aborda vários temas de forma brilhante. Tem drama, tem suspense, tem investigação policial, tem romance e tudo muito bem estruturado e intenso. Fala sobre as injustiças do mundo e principalmente fala sobre a vida.

Dica: Não assistam Olhos da Justiça, que é o remake americano.

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Assistam.

The Wailing – Review

Oi,

No último fim de semana assisti The Wailing e me surpreendi. Eu tenho pra mim que filmes coreanos não são pra qualquer pessoa. Eu sempre gostei muito deles e dou preferência sempre. Um dos filmes que mais gosto e sempre indico é I Saw The Devil de Jee-woon Kim. As pessoas deveriam prestar mais atenção neles.

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The Wailing/Goksung (2016) – de Hong-jin Na, o filme se passa numa vila pacífica sul-coreana que começa a ter sua tranquilidade ameaçada quando os moradores aos poucos enlouquecem e começam a matar suas famílias e vizinhos num surto psicótico inexplicável. Os sobreviventes eram encontrados num estado meio catatônico, cobertos por bolhas, praticamente em decomposição e por conta disso começam a suspeitar do uso de cogumelos selvagens. Se você gosta de experimentar várias sensações durante um filme, esse será uma experiência incrível. Quando o sargento da polícia local (Jong-Goo) entra em cena com seu jeito atrapalhado e caricato, o filme chega a ser até engraçado, mas essa graça some completamente ao longo da trama. Não é um filme fácil de digerir e sempre que você acha que começou a entender o que está acontecendo ele dá uma reviravolta que te deixa até atordoado. Esse sim é um filme que desgraça sua cabeça. Hong-jin não poupou esforços para chocar e levar tudo até os extremos. Tudo começa a ficar ainda mais intenso quando a filha do sargento pega a mesma doença/maldição que os envolvidos nos assassinatos. Ele começa então a ouvir as pessoas da vila que suspeitam que tudo isso está acontecendo por causa de um forasteiro japonês (Jun Kunimura, que já fez Kill Bill de Quentin Tarantino e Audition de Takashi Miike) que começou a viver ali por perto e que segundo eles não é humano. Ele deixa também sua mãe trazer um xamã pra tentar ajudar a menina. A atmosfera inquietante do filme é pontuada por muita tensão, ocultismo, misticismo, suspense, investigação policial, possessões demoníacas e até uma pitada de humor. Hong-jin Na mostrou sua capacidade de mesclar de forma genial vários gêneros e de te desafiar durante o filme inteiro. A chuva é quase sempre presente e nos transporta pra lá de uma maneira que parece estar chovendo na nossa própria casa. Os cadáveres estão sempre no meio de muita lama e sangue. Tem morte por todo lado, dá pra sentir até o cheiro.

Assistam.

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Monster – Anime review

Oi.

Comentei esses dias no Twitter que iria começar a indicar alguns animes/mangás que gosto muito. Estou por fora dos animes atuais porque faz alguns anos que o único mangá que continuo acompanhando é Berserk (meu favorito). Porém, hoje não vou falar de Berserk. Até porque o anime é extremamente antigo e não transmite nem a metade do que é a história de verdade (o mangá até hoje ainda é lançado) e acredito que as pessoas tenham mais facilidade em assistir um anime do que ler os mangás. Por isso resolvi falar de Monster.

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Monster – O mangá de Naoki Urasawa foi publicado no Japão entre 1994 e 2001 e fez tanto sucesso que ganhou uma adaptação em anime com 74 episódios que foram exibidos entre 2004 e 2005. Sempre prefiro mangás por contarem de forma muito mais fiel as histórias sem muita enrolação. Mas Monster é um dos poucos em que o anime permanece fiel do começo ao fim. É um suspense policial do gênero seinen (que é voltado para o público adulto) que gira em torno de um neurocirurgião (Dr. Tenma) que é bastante respeitado no hospital em que trabalha e pelo fato de suas cirurgias serem sempre importantes e bem sucedidas, também é o favorito do diretor do hospital. Já que eleva a reputação do mesmo. Graças a isso e ao seu futuro promissor, ele também é noivo da filha do diretor. Por ser o cirurgião mais aclamado e ter sucesso em cirurgias de alto risco, seus pacientes eram sempre pessoas importantes e era obrigação dele dar prioridade a eles para aumentar a reputação do hospital. Mesmo sendo uma pessoa boa e honesta e não concordando muito com essa política, ele se submetia a isso para continuar na equipe principal de cirurgia. Dr. Tenma começou a se questionar mais quando foi confrontado por uma mulher que perdeu o marido e o culpou dizendo que se ele tivesse realizado a cirurgia ele não teria morrido. Depois disso, Tenma começa a questionar seus valores éticos e morais e é colocado em uma situação em que precisa escolher entre salvar a vida de um menino baleado na cabeça em coma e o prefeito da cidade que teve um derrame. Ele decidiu salvar a vida do menino e o prefeito acabou morrendo pois foi operado por outro cirurgião. O diretor do hospital o rebaixou do cargo e disse que ele nunca mais conseguiria subir na carreira pois tinha humilhado o hospital. Perdeu a noiva também (filha do diretor) além do cargo de confiança. O menino e a sua irmã gêmea (que estava em choque) eram sobreviventes de um massacre horrível que havia acontecido em uma mansão. Misteriosamente, os irmãos desaparecem e toda a equipe médica (incluindo o diretor) que prejudicaram a carreira do médico é assassinada. Dr. Tenma virou suspeito na época (deixando o detetive Lunge totalmente obcecado por ele durante todo o anime) mas mesmo assim conseguiu assumir o cargo de cirurgião-chefe. Depois de 10 anos, alguns assassinatos em série estavam ocorrendo por toda a Alemanha e um suspeito do caso chega ao hospital para ser operado. Em uma noite, o suspeito foge amedrontado por alguma coisa e Dr. Tenma o segue. Em seguida vê o menino que salvou 10 anos atrás (só que crescido agora) matar o suspeito a tiros e sumir novamente sem deixar rastros.

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A suspeita dos assassinatos de 10 anos atrás recai sobre ele e também dos atuais. Ele vira um foragido da lei sendo procurado como serial killer. Começa então a dedicar sua vida a encontrar Johan para provar sua inocência. Além disso ele carrega uma culpa enorme por salvar uma vida que não deveria ter sido salva e quer acabar com ela com as próprias mãos. Na medida que ele vai se aprofundando no caso e conhecendo pessoas que já passaram pela vida de Johan, ele vai descobrindo mais coisas horríveis e de algo muito mais macabro por trás disso tudo.

O anime é extremamente violento. Porém, de forma psicológica. Todos os personagens são realistas e os acontecimentos e fatos históricos que aconteceram na época são representados de forma muito fiel. O anime ocorre na Alemanha na época da queda do muro de Berlim. Não existe humor, romances desnecessários e nem clichês em Monster. Johan é um psicopata clássico muito bem construído e em vários momentos você se pega sendo cativado por ele. Me lembrou muito o Griffith de Berserk em alguns aspectos. Aparência angelical e ideias perturbadoras. Não teria como eu indicar o anime sem essa introdução. E também não posso ir muito além disso pra não estragar. Está entre meus animes favoritos. É extremamente genial, perturbador e de uma complexidade psicológica gigantesca.

No começo do anime você já dá de cara com a passagem bíblica sobre a chegada do anticristo:

“Vi, então, levantar-se do mar uma Fera que tinha dez chifres e sete cabeças; sobre os chifres, dez diademas; e nas suas cabeças, nomes blasfematórios. A Fera que eu vi era semelhante a uma pantera: os pés como os de urso e as faces como as de leão. Deu-lhe o Dragão o seu poder, o seu trono e a sua autoridade. Uma das suas cabeças estava como que ferida de morte, mas essa ferida de morte fora curada. E todos, pasmados de admiração, seguiram a Fera e prostaram-se diante do Dragão, porque dera o seu prestígio à Fera, e prostaram-se igualmente diante da Fera, dizendo: “Quem é semelhante Fera e quem poderá lutar com ela?”

A construção dos personagens é feita com muito cuidado e todos eles são muito profundos. Muitos deles com problemas psicológicos gravíssimos. Os 74 episódios passam voando e nunca ficam entediantes. A trilha sonora é muito boa e combina com todos os elementos da trama. Você se sente cada vez mais envolvido e não consegue parar de assistir. Recomendo muito o anime e o mangá. Principalmente pra quem não está acostumado com eles. Vai se surpreender.

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Beijos.

 

The Conjuring 2 – Review

Oi,

antes tarde do que nunca, hoje vou indicar The Conjuring 2.

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The Conjuring 2, 2016 (Invocação do Mal 2) – De James Wan e baseado na história real de Enfield Poltergeist, o filme já começa fazendo referência a um dos meus filmes de terror favoritos: The Amityville Horror. O casal Ed (Patrick Wilson) and Lorraine Warren (Vera Farmiga) aparece investigando se os eventos ocorridos nesse massacre teriam ou não influência demoníaca. Lorraine usa sua habilidade de se comunicar com o sobrenatural e acaba tendo uma experiência fora do corpo onde vivenciou todos os assassinatos. Durante essa experiência ela encontrou a entidade demoníaca que a acompanha durante todo o filme. Uma freira demoníaca. E pra piorar ela teve uma visão da suposta morte de Ed.
Depois disso nos é apresentada a família Hodgson, na Inglaterra. A família é composta por uma mãe solteira (que sofre para manter sozinha a casa e os filhos sem a ajuda do marido que foi embora) e mais 4 crianças. Uma das crianças, Janet, começa a ter problemas durante a noite como ouvir barulhos estranhos e sonambulismo. Ela acorda várias vezes em uma poltrona velha que tem na casa. Esses eventos vão piorando até que o pior acontece.
Possessão demoníaca em crianças pra mim é sempre motivo suficiente para assistir um filme. Principalmente se ela é possuída por um velho que resulta em cenas bizarríssimas onde a menina fala e soa exatamente como ele. Depois de vários acontecimentos, as autoridades locais entram em contato com os Warrens para eles investigarem e determinarem se a família estaria ou não passando por um caso real de possessão ou se era só fingimento. O jeito que Wan brinca com as câmeras leva sempre o filme para um outro nível e produz um medo muito real. Me remete muito aos filmes antigos de terror dos anos 70 e 80 como The Omen, Poltergeist, The Shining e The Exorcist. Chegou até a me lembrar o filme recente The Babadook por usar cantos e rimas infantis e brinquedos para induzir mais ainda ao medo. Além de produzir um filme que é ambientado nessa época, ele usa e abusa de uma forma muito inteligente dos movimentos de câmera que eram usados nos filmes da época. Ele sabe muito bem como usar o som, música e zoom da câmera para induzir profundamente a sensação de terror. O primeiro filme da franquia, The Conjuring, foi uma surpresa enorme pra mim. Virou um dos meus favoritos de todos os tempos no meio de vários fracassos que estavam sendo lançados. Como fã, fiquei feliz e triste ao mesmo tempo quando descobri que sairia o 2. Mas não me decepcionei. Apesar de ainda preferir o primeiro, a sequência não deixa a desejar. Antes de The Conjuring 2 ser lançado, ainda teve Annabelle, não considero da franquia por não ter sido dirigido por Wan porém a boneca aparece no primeiro filme. Não existe nada em The Conjuring 2 que já não tenha sido feito antes em filmes de possessão, mas Wan é muito bom no que faz e por isso os filmes se destacam dos outros. Não espere algo melhor que o primeiro mas pode ter certeza que é outro filme extremamente bom.

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