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Busanhaeng (Train to Busan) – Review

Oi,

Quando li o título em português “Invasão Zumbi” a primeira coisa que fiz foi revirar os olhos. Filmes de zumbis já estão completamente batidos e fazia muito tempo que eu não assistia nada bom. Até The Walking Dead eu abandonei na quarta temporada e nem sei se algum dia eu vou voltar a assistir. Depois de várias sequências horrorosas de Resident Evil, a decepção que foi Guerra Mundial Z e outros títulos menos conhecidos, eu resolvi dar uma chance ao filme porque descobri que era sul-coreano como The Wailing que eu indiquei aqui esses tempos. E não me arrependi nem um pouco. O título em português foi mais uma jogada de marketing pra atrair público (mas na minha opinião fez o efeito contrário por ser algo tão batido). Não tem nada a ver com o filme. Apesar de ter zumbis, para mim, eles não são o elemento principal da história. O título em inglês “Train to Busan” combina mais com o enredo do filme.

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Busanhaeng (Train to Busan) 2016 – escrito e dirigido por Sang-Ho Yoan, o filme se passa em um trem de alta velocidade que está indo de Seul para Busan enquanto um vírus letal começa a se espalhar pela Coreia do Sul transformando as pessoas infectadas em zumbis. Somos apresentados logo de início a Seok Woo (Yoo Gong) e sua filha Soo-an (Soo-an Kim). Um pai capitalista e egocêntrico, viciado em trabalho e visivelmente ausente que tenta de forma falha salvar o que resta da sua relação com a filha, que depois de muita insistência o convence a tirar um dia de folga para deixá-la passar um tempo com sua mãe em Busan no dia de seu aniversário. Os personagens, apesar de serem comuns em filmes de terror, são todos muito bem desenvolvidos. O pai ausente, a filha, a grávida, o marido protetor, um vilão humano que chega a dar mais raiva que os próprios zumbis, um casal de adolescentes e todos os outros, tornam o filme ainda mais inquietante e envolvente. Tudo começa a dar errado antes do trem partir, quando uma garota aparentemente doente consegue embarcar. A atmosfera é completamente claustrofóbica por se passar dentro de um trem 90% do tempo. Os personagens são separados em diversas partes do filme e colocados em situações de risco em que precisam tomar decisões em intervalos quase nulos de tempo. Apesar das quase 2 horas de duração, o perigo e a agonia são tão constantes e a ploriferação do vírus acontece de forma quase que instantânea que o tempo passa voando e quase não dá tempo de respirar. Os diálogos são certeiros, o roteiro é muito bem desenvolvido em todos os aspectos e consegue mesclar de forma muito natural toda a ação, o drama, a violência, o suspense e até um pouco de comédia. Apesar de não trazer nada de muito novo em relação aos filmes do gênero, Train to Busan consegue ser original. A evolução e transformação do caráter do protagonista e sua relação com a filha ao longo do filme acontece de uma forma nada forçada e gera um impacto bem especial no desfecho da trama. As relações entre os outros personagens vão aparecendo na medida em que eles vão entrando no meio da confusão no trem e também são todas muito bem construídas e importantes. Não é um filme que vai te dar medo. Nada relacionado a zumbis me causa medo, mas é um filme que vai te deixar tenso do começo ao fim e com certeza um dos melhores já feitos.

Para mim, os zumbis são apenas um detalhe no filme. É antes de tudo um filme sobre tragédia, sobrevivência, amor, amizade, heroísmo e como uma pessoa viva pode ser pior do que o próprio mal que está matando todo mundo.

Se alguém já viu, me conta o que achou. Recomendo muito, principalmente pra quem já está cansado de filmes de zumbi.

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El Secreto de Sus Ojos – Review

Oi.

Comecei a assistir esse filme achando um pouco chato e comum e terminei chorando e me questionando sobre várias coisas da vida. Mais um filme que prova a grandiosidade do cinema argentino. Ele ganhou o Oscar de melhor filme estrangeiro e está disponível na Netflix.

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El Secreto de Sus Ojos (The Secret in Their Eyes) – de  Juan Jose Campanella, conta a história de um investigador criminal aposentado (Benjamin) que resolve escrever um romance sobre um dos casos mais marcantes de sua carreira: um brutal assassinato que ocorreu em 1974. Ele vai atrás então de sua ex chefe Irene que na época também fez parte da investigação. O filme é uma viagem de ida e volta no tempo entre Buenos Aires de 1974 e 2000. Ao estudar o caso novamente, o romance adormecido entre Benjamin e Irene também acorda. Não posso deixar de mencionar Sandoval, o assistente de Benjamin na investigação. Um bêbado muito carismático que tem um papel essencial na trama.

O filme gira em torno de duas histórias (mas de forma muito sutil). O caso do assassinato e o romance mal resolvido entre os dois. O roteiro do filme é surpreendente e muito sensível, você com certeza irá se identificar com alguns dos dilemas vivenciados pelos personagens. Mexe com todos os tipos de emoções. As atuações são impecáveis e os personagens muito bem construídos. A fotografia é maravilhosa e é repleto de cenas e diálogos marcantes.

“As pessoas podem mudar de tudo: de cara, de casa, de família, namorada, religião, de Deus. Mas tem uma coisa que não se pode mudar, Benjamín. Não se pode trocar de paixão.”

“Como se faz para viver uma vida vazia? Como se faz para viver uma vida cheia de nada?”

O silêncio está bastante presente também e os olhares são muito fortes. As cenas silenciosas conseguem passar exatamente o que o diretor quer passar. É um filme totalmente imersivo e quando você se dá conta, está completamente envolvido na história e preso a ele. Aborda vários temas de forma brilhante. Tem drama, tem suspense, tem investigação policial, tem romance e tudo muito bem estruturado e intenso. Fala sobre as injustiças do mundo e principalmente fala sobre a vida.

Dica: Não assistam Olhos da Justiça, que é o remake americano.

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Assistam.

Monster – Anime review

Oi.

Comentei esses dias no Twitter que iria começar a indicar alguns animes/mangás que gosto muito. Estou por fora dos animes atuais porque faz alguns anos que o único mangá que continuo acompanhando é Berserk (meu favorito). Porém, hoje não vou falar de Berserk. Até porque o anime é extremamente antigo e não transmite nem a metade do que é a história de verdade (o mangá até hoje ainda é lançado) e acredito que as pessoas tenham mais facilidade em assistir um anime do que ler os mangás. Por isso resolvi falar de Monster.

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Monster – O mangá de Naoki Urasawa foi publicado no Japão entre 1994 e 2001 e fez tanto sucesso que ganhou uma adaptação em anime com 74 episódios que foram exibidos entre 2004 e 2005. Sempre prefiro mangás por contarem de forma muito mais fiel as histórias sem muita enrolação. Mas Monster é um dos poucos em que o anime permanece fiel do começo ao fim. É um suspense policial do gênero seinen (que é voltado para o público adulto) que gira em torno de um neurocirurgião (Dr. Tenma) que é bastante respeitado no hospital em que trabalha e pelo fato de suas cirurgias serem sempre importantes e bem sucedidas, também é o favorito do diretor do hospital. Já que eleva a reputação do mesmo. Graças a isso e ao seu futuro promissor, ele também é noivo da filha do diretor. Por ser o cirurgião mais aclamado e ter sucesso em cirurgias de alto risco, seus pacientes eram sempre pessoas importantes e era obrigação dele dar prioridade a eles para aumentar a reputação do hospital. Mesmo sendo uma pessoa boa e honesta e não concordando muito com essa política, ele se submetia a isso para continuar na equipe principal de cirurgia. Dr. Tenma começou a se questionar mais quando foi confrontado por uma mulher que perdeu o marido e o culpou dizendo que se ele tivesse realizado a cirurgia ele não teria morrido. Depois disso, Tenma começa a questionar seus valores éticos e morais e é colocado em uma situação em que precisa escolher entre salvar a vida de um menino baleado na cabeça em coma e o prefeito da cidade que teve um derrame. Ele decidiu salvar a vida do menino e o prefeito acabou morrendo pois foi operado por outro cirurgião. O diretor do hospital o rebaixou do cargo e disse que ele nunca mais conseguiria subir na carreira pois tinha humilhado o hospital. Perdeu a noiva também (filha do diretor) além do cargo de confiança. O menino e a sua irmã gêmea (que estava em choque) eram sobreviventes de um massacre horrível que havia acontecido em uma mansão. Misteriosamente, os irmãos desaparecem e toda a equipe médica (incluindo o diretor) que prejudicaram a carreira do médico é assassinada. Dr. Tenma virou suspeito na época (deixando o detetive Lunge totalmente obcecado por ele durante todo o anime) mas mesmo assim conseguiu assumir o cargo de cirurgião-chefe. Depois de 10 anos, alguns assassinatos em série estavam ocorrendo por toda a Alemanha e um suspeito do caso chega ao hospital para ser operado. Em uma noite, o suspeito foge amedrontado por alguma coisa e Dr. Tenma o segue. Em seguida vê o menino que salvou 10 anos atrás (só que crescido agora) matar o suspeito a tiros e sumir novamente sem deixar rastros.

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A suspeita dos assassinatos de 10 anos atrás recai sobre ele e também dos atuais. Ele vira um foragido da lei sendo procurado como serial killer. Começa então a dedicar sua vida a encontrar Johan para provar sua inocência. Além disso ele carrega uma culpa enorme por salvar uma vida que não deveria ter sido salva e quer acabar com ela com as próprias mãos. Na medida que ele vai se aprofundando no caso e conhecendo pessoas que já passaram pela vida de Johan, ele vai descobrindo mais coisas horríveis e de algo muito mais macabro por trás disso tudo.

O anime é extremamente violento. Porém, de forma psicológica. Todos os personagens são realistas e os acontecimentos e fatos históricos que aconteceram na época são representados de forma muito fiel. O anime ocorre na Alemanha na época da queda do muro de Berlim. Não existe humor, romances desnecessários e nem clichês em Monster. Johan é um psicopata clássico muito bem construído e em vários momentos você se pega sendo cativado por ele. Me lembrou muito o Griffith de Berserk em alguns aspectos. Aparência angelical e ideias perturbadoras. Não teria como eu indicar o anime sem essa introdução. E também não posso ir muito além disso pra não estragar. Está entre meus animes favoritos. É extremamente genial, perturbador e de uma complexidade psicológica gigantesca.

No começo do anime você já dá de cara com a passagem bíblica sobre a chegada do anticristo:

“Vi, então, levantar-se do mar uma Fera que tinha dez chifres e sete cabeças; sobre os chifres, dez diademas; e nas suas cabeças, nomes blasfematórios. A Fera que eu vi era semelhante a uma pantera: os pés como os de urso e as faces como as de leão. Deu-lhe o Dragão o seu poder, o seu trono e a sua autoridade. Uma das suas cabeças estava como que ferida de morte, mas essa ferida de morte fora curada. E todos, pasmados de admiração, seguiram a Fera e prostaram-se diante do Dragão, porque dera o seu prestígio à Fera, e prostaram-se igualmente diante da Fera, dizendo: “Quem é semelhante Fera e quem poderá lutar com ela?”

A construção dos personagens é feita com muito cuidado e todos eles são muito profundos. Muitos deles com problemas psicológicos gravíssimos. Os 74 episódios passam voando e nunca ficam entediantes. A trilha sonora é muito boa e combina com todos os elementos da trama. Você se sente cada vez mais envolvido e não consegue parar de assistir. Recomendo muito o anime e o mangá. Principalmente pra quem não está acostumado com eles. Vai se surpreender.

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Beijos.

 

The Conjuring 2 – Review

Oi,

antes tarde do que nunca, hoje vou indicar The Conjuring 2.

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The Conjuring 2, 2016 (Invocação do Mal 2) – De James Wan e baseado na história real de Enfield Poltergeist, o filme já começa fazendo referência a um dos meus filmes de terror favoritos: The Amityville Horror. O casal Ed (Patrick Wilson) and Lorraine Warren (Vera Farmiga) aparece investigando se os eventos ocorridos nesse massacre teriam ou não influência demoníaca. Lorraine usa sua habilidade de se comunicar com o sobrenatural e acaba tendo uma experiência fora do corpo onde vivenciou todos os assassinatos. Durante essa experiência ela encontrou a entidade demoníaca que a acompanha durante todo o filme. Uma freira demoníaca. E pra piorar ela teve uma visão da suposta morte de Ed.
Depois disso nos é apresentada a família Hodgson, na Inglaterra. A família é composta por uma mãe solteira (que sofre para manter sozinha a casa e os filhos sem a ajuda do marido que foi embora) e mais 4 crianças. Uma das crianças, Janet, começa a ter problemas durante a noite como ouvir barulhos estranhos e sonambulismo. Ela acorda várias vezes em uma poltrona velha que tem na casa. Esses eventos vão piorando até que o pior acontece.
Possessão demoníaca em crianças pra mim é sempre motivo suficiente para assistir um filme. Principalmente se ela é possuída por um velho que resulta em cenas bizarríssimas onde a menina fala e soa exatamente como ele. Depois de vários acontecimentos, as autoridades locais entram em contato com os Warrens para eles investigarem e determinarem se a família estaria ou não passando por um caso real de possessão ou se era só fingimento. O jeito que Wan brinca com as câmeras leva sempre o filme para um outro nível e produz um medo muito real. Me remete muito aos filmes antigos de terror dos anos 70 e 80 como The Omen, Poltergeist, The Shining e The Exorcist. Chegou até a me lembrar o filme recente The Babadook por usar cantos e rimas infantis e brinquedos para induzir mais ainda ao medo. Além de produzir um filme que é ambientado nessa época, ele usa e abusa de uma forma muito inteligente dos movimentos de câmera que eram usados nos filmes da época. Ele sabe muito bem como usar o som, música e zoom da câmera para induzir profundamente a sensação de terror. O primeiro filme da franquia, The Conjuring, foi uma surpresa enorme pra mim. Virou um dos meus favoritos de todos os tempos no meio de vários fracassos que estavam sendo lançados. Como fã, fiquei feliz e triste ao mesmo tempo quando descobri que sairia o 2. Mas não me decepcionei. Apesar de ainda preferir o primeiro, a sequência não deixa a desejar. Antes de The Conjuring 2 ser lançado, ainda teve Annabelle, não considero da franquia por não ter sido dirigido por Wan porém a boneca aparece no primeiro filme. Não existe nada em The Conjuring 2 que já não tenha sido feito antes em filmes de possessão, mas Wan é muito bom no que faz e por isso os filmes se destacam dos outros. Não espere algo melhor que o primeiro mas pode ter certeza que é outro filme extremamente bom.

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Medianeras – Review

Oi!
Ontem estava passando os canais e acabei começando a assistir um filme que estava passando. No começo não dei muita bola mas depois de um tempo notei que estava completamente presa a ele. Sou muito fã de filmes estrangeiros e a maioria deles me marca de alguma forma.

Medianeras (Sidewalls, 2011) – Escrito e dirigido por Gustavo Taretto, o filme se passa em meio ao caos de Buenos Aires e conta a história de duas pessoas particularmente neuróticas e bastante solitárias que foram feitas uma para a outra e são basicamente vizinhas e apesar de se cruzarem várias vezes, nunca se encontraram.

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Martin é agorafóbico e Mariana tem fobia de elevador. Me identifiquei muito com ambos. Retrata muito bem como o isolamento urbano e a internet aproximam e afastam as pessoas de uma maneira que chega até a ser perturbadora. Mostra bem a solidão vivenciada pelas pessoas nas grandes metrópoles. Acho que é muito fácil se identificar e compreender o filme pois descreve bem a realidade de alienação da era atual da internet. A solidão cotidiana em meio a arquitetura (que é muito bem explorada) é muito familiar. Mariana menciona várias vezes os livros de “Onde está o Wally” e isso me chamou atenção logo de cara. Já tive todos eles e sempre gostei muito. Fora que na cena final do filme, Martin, está vestido exatamente como Wally. Como não amar um filme com uma sacada dessas?

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Beijos.