Sharp Objects – Crítica
Oi,
Não costumo escrever sobre séries aqui mas fiquei tão impactada que me deu vontade de escrever. É aquele tipo de história que começa um pouco lenta mas vai te engolindo aos poucos e quando você percebe já está completamente envolvido ao ponto de não conseguir parar de assistir até o último episódio.
Sharp Objects (Objetos Cortantes) 2018 – minissérie de 8 episódios da HBO inspirada no livro de Gillian Flynn (mesma autora de Gone Girl) e dirigida por Marc Vallée (de Big Little Lies) conta a história de Camille Preaker, uma jornalista (interpretada pela maravilhosa Amy Adams) que foi enviada para cobrir um assassinato de duas adolescentes em sua cidade natal e acaba tendo que confrontar os fantasmas do seu passado.
Acho importante avisar que a série toca em temas delicados como autoflagelação, abuso de substâncias e relação abusiva materna. Então se é gatilho pra alguém, é melhor evitar.
A atmosfera sombria e melancólica inicial é tóxica e envolvente ao mesmo tempo. O ritmo um pouco lento dos primeiros episódios na minha opinião foi de extrema importância para a construção e desenvolvimento dos personagens e ainda nos passa a sensação desesperadora de estar lá naquela cidade. Wind Gap é aquela típica cidadezinha americana de interior que todo mundo se conhece e fica marcado pro resto da vida por tudo que acontece desde a infância. Os flashbacks desconexos da adolescência e infância de Camille (interpretados pela atriz mirim Sophia Lillis) e as suas constantes alucinações simulando confusão mental foram essenciais para manter o clima sufocante e misterioso do começo ao fim. Foi angustiante observá-la. Cortou meu coração.
Logo somos apresentados também a sua mãe, Adora (Patricia Clarkson), uma socialite mimada e narcisista que vive na sua bolha de privilégios e acha que tudo e todos giram em torno de si. É notável logo de cara o comportamento abusivo e controlador de Adora com suas filhas (que ficou ainda pior depois da morte de Marian Crellin, filha de seu segundo casamento e irmã de Camille), a partir daí começamos a entender um pouco melhor os comportamentos destrutivos da protagonista. Além da irmã que faleceu, Camille tem mais uma meia-irmã, Amma Crellin (Eliza Scanlen), que é bem mais nova e parece ter sido a forma de Adora lidar com a morte de Marian e a ausência de Camille, que logo foi embora pra cidade grande. Nada nessa casa parece certo, esse trio de protagonistas representa com maestria tudo que há de mais tóxico numa família. Ainda temos Alan (Henry Czerny), o apático padrasto que chega a dar raiva de tão omisso.
Apesar de ser sobre uma trama policial, o que nos envolve e prende mesmo são os dramas/traumas familiares, o aprofundamento gradativo dos personagens e os mistérios e segredos doentios envolvendo a cidade e seus habitantes.
Importante: assistam até o fim dos créditos do capítulo final.
Recomendo muito e com certeza agora vou atrás do livro pra ler também. Quem já assistiu ou leu o livro comenta aí o que achou. 🙂