Invisible Monster – Depressão

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Eu não consigo lembrar do tempo em que me senti diferente. Pelo menos não de forma clara. Também não imagino um futuro em que eu me sinta diferente do que eu me sinto hoje. Parece que fica tudo meio nebuloso na cabeça de uma pessoa depressiva e é difícil ter alguma perspectiva. Não existe uma razão pra eu ter ficado assim. Eu não acho que seja uma resposta ou reação para uma situação específica. É muito desconfortável quando perguntam o motivo ou quando falam que eu tenho tudo e não deveria me sentir assim. Na minha cabeça a depressão é vazia. Um vazio que ocupa um espaço tão grande que não sobra mais nenhum espaço pra qualquer outra coisa. Ela é um monstro invisível, que muitos não levam a sério por se tratar de uma doença que não te tira um braço ou uma perna. Mas te mata igual por dentro. Um fardo que quem tem vai carregar para o resto da vida. Ela é como um bichinho que tem que ficar em observação sempre. Não pode deixar de lado e nem parar de prestar atenção porque ele pode virar um monstro a qualquer momento. Tem que ser sempre monitorado. A paranoia ataca de maneiras inacreditáveis, a paciência com tudo é nula, a gente fica com medo e ao mesmo tempo assusta todo mundo. É praticamente impossível ficar perto de uma pessoa depressiva, por mais que tentem e achem que devam. Quase ninguém aguenta ficar perto de alguém que está sem vida a maior parte do tempo.

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Estou sempre me sentindo exausta e irritada. Até penso em fazer as coisas, mas às vezes é como se todas as minhas forças vitais estivessem paralisadas. Fico num estado catatônico sem vontade nenhuma. Até para coisas simples preciso fazer um esforço enorme. Nem as coisas que gosto (ou deveria gostar) eu consigo fazer direito. Você acaba se isolando aos poucos de todo mundo, perde a capacidade de confiar e se não tomar cuidado pode acabar ficando ausente de si mesmo. Por outro lado, eu pelo menos aprendi a me conhecer bem mais nesses momentos de crise do que em qualquer episódio de felicidade que já tive e também consegui descobrir quem realmente está do meu lado. Eu acho que a pior parte da depressão é que de uma forma bizarra ela se torna quase confortável. A pessoa se acostuma, por incrível que pareça esse inferno vira uma zona de conforto. Mas não significa que a pessoa não queira sair dali, ela simplesmente não consegue. O sentimento de inutilidade e culpa por estar nesse estado  toma conta e parece que está tudo errado quando as coisas melhoram de alguma forma. Parece que fica tudo bem só pra piorar depois. E esse é um ciclo difícil de quebrar.

Se afaste de pessoas que fazem você se sentir culpado por estar assim. Que falam que você não quer se ajudar e que é uma pessoa negativa e tóxica. Eu sei o quanto é difícil fazer qualquer coisa pra sair dessa situação.

Mas tente não se afastar das pessoas que te amam e acreditam em você (mesmo se você não acredita mais em si mesmo). Muitas pessoas se afastam, mas as que realmente se importam e gostam de você, não. E são essas que importam. Fazer exercícios também, por mais que cada passo pese uma tonelada. De pouquinho em pouquinho é bom tentar. Mas nunca se force a situações e coisas que te causam desconforto principalmente para agradar os outros. Aprenda a dizer não. Comer direito também é muito importante mesmo que a comida não entre às vezes. Tentar sempre ser mais forte que a tristeza, mesmo com ela te nocauteando todos os dias. E tomar direito os remédios, se tomar. Mas tudo no seu tempo. Não se pressione nunca. Não tem problema e a culpa não é sua. O certo é viver um dia de cada vez, mas quem tem depressão junto com ansiedade sabe que isso é um desafio diário. Um dia atropela o outro e estamos sempre sofrendo por antecipação ou remoendo algo que já aconteceu. É muito difícil focar e aproveitar o presente. Por isso a terapia também é muito importante, mas só vai surtir efeito quando você encontrar um profissional que te faça se sentir confortável e use uma abordagem que funcione com você. E não tem um efeito imediato. Muita gente desiste no meio do caminho por esperar algum tipo de milagre, mas é um processo.

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se cuidem.


62 Comments on “Invisible Monster – Depressão

  • Heya just wanted to give you a brief heads up and let you know a few of the pictures aren’t loading properly. I’m not sure why but I think its a linking issue. I’ve tried it in two different browsers and both show the same results.

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  • As histórias se divergem, mas acredito que passamos por problemas comuns, mesmo que poucos.
    Vou te contar uma Historinha.

    1. Aos 14 comecei a cheirar, por 4 meses cheirei o suficiente pra me internarem e levar mais de 100 pontos em cada braço.
    Lembrança: Hoje me chamo-me de tigre branco. Lembro com doçura, e amo minhas cicatrizes.

    2. Comecei a tomar muitos remedios psiquiatricos por conta de um surto psicotico de cocaina. Chegando a mais de 20 comprimidos por dia. Vivi 1 ano dopada. Engordei 40 kg.
    Tristeza: Nunca gostei da minha aparencia, mas quando me dei conta dos 40 kg entrei em um estado de negação.

    3. Passou-se dois anos, ainda tomo remedios. A tristeza ainda me domina.
    Conclusão: Sempre lutei contra ela. Quando me dei conta que podia fazer amizade com meus demônios, ele me permitiu coisas fantasticas. Sonhos lucidos em que nao vivia o terror. O desespero. Experimentei o poder de poder controlar um pouco minhas emoções e mente. Em troca ele se alimenta, somente o necessário de mim. Acho que fizemos um acordo Mútuo. Quando ele -demonio, depressao- percebeu que não ia me controlar. E eu percebi que nao ia vencer, por ele ser maior que eu.

    4. Essa foi minha solução, nao sei se pode ser a sua, tem varias maneiras de resolver um mesmo problema, mas porque descarta-la sem ao menos tentar (ponto de interrogação)

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  • Débora, não sei se vc vai ler este post, mas gostaria de falar algumas coisas, acredito que mais por desabafo. Nunca fui em psiquiatras ou psicólogos, nem tomei qualquer remédio, mas isso não significa nada. Não sei quando começou ou se tem algum motivo. Sinto que toda a dor do mundo é minha. Parece que tudo o que eu sinto é mais forte, mais intenso. Quando a alegria me invade é intensa demais e parece que vou flutuar, mas quando a tristeza vem, a dor parece ser maior que eu. Crio situações hipotéticas e sofro com ela como se fossem fatos consumados. Paranoia. Nunca procurei ajuda profissional ou falei com qlqr familiar ou amigo por medo. Mas Tbm Pq ao longo desses anos procurei pensar q não era uma doença, mas era eu. Era minha personalidade paranoide que me causava tanta dor. E procurei dentro de mim meu psicológico, meu psiquiatra. Sou outra pessoa depois disso? Não. Sou a mesma. Mesmas dores, mesmas paranoias. Mas como isso funciona? Rsrsrs. É quase q uma dupla personalidade hehehe. Quando a dor vem, eu converso com ela. Não qro q ela fique por muito tempo e não deixo. Pq eu machuco qm amo qnto estou assim. Eu os faço sofrer. E parece q se torna um ciclo vicioso, Pq Ae eu fico mais triste, e os faço sofrer mais. Talvez eu não me ame. Não sei. Acho que não amo. Mas estou tentando. Tentando me perdoar de qlqr coisa q meu subconsciente me acuse. Não sei vai te ajudar em alguma coisa. Mas só qria q te desse força. Força q também procuro.

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  • Débora, não posso diminuir seu mal, mas eu e toda essa gente podemos garantir que você não está só. Particularmente, lido com a depressão desde os 7 anos de idade, e com a ansiedade também. Às vezes chega um ponto de não saber o que é um sintoma de depressão/ansiedade e o que é um traço de personalidade, você já teve isso?
    E também sofro de enxaqueca. Larguei emprego e faculdade por estes dois problemas. Minha psiquiatra e neurologista estão penando para acertar minha medicação. Me interessei pela apometria pelo que li aqui.

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  • Admito que hoje foi a primeira vez que entrei em seu blog e simplesmente não consegui parar de ler até o último (ou primeiro) post. Me identifiquei muito com muita coisa que escreveu aqui e adorei a sua escrita.

    Passo por problemas parecidos e já me deram tantos diagnósticos, fiz tantos tratamentos, tomei tantos remédios que já perdi a conta.
    Os episódios de PS eu tinha desde criança, mas foi na adolescência que eles ficaram bastante frequentes. Eram sempre iguais, sempre saindo do meu corpo e andando pela casa me sentindo pesada e tentando voltar pro corpo e não conseguindo. Passei um tempo com medo de dormir e fiquei péssima por bastante tempo.

    Passei por igreja evangélica, católica e centro espírita (realmente tentei de tudo haha). Comecei a ter um “romance” com um espírito que me conhecia de outras vidas e comecei a me isolar de todo mundo pq só queria ficar com ele.
    Fui diagnosticada com depressão, mas algum tempo depois descobriram que na verdade sofro de transtorno bipolar tipo II.
    Tenho anos procurando todo tipo de resposta, visitando profissionais e tentando lutar contra uma série de sentimentos que parecem ser incontroláveis. Até comecei a estudar psicologia (meu curso atual).

    O que eu percebi com toda essa experiência foi que amadureci bastante e consegui me conhecer mais em momentos ruins do nos bons. Percebi que sou mais forte do que achava que era e que me sentir bem depende muito mais de mim do que de qualquer coisa externa. Outro ponto positivo nisso também é que me tornei uma pessoa muito mais sensível com os outros, passei a perceber que muitas pessoas sentem as mesmas coisas e ficam quietas mesmo que precisem de carinho.
    Enfim, eu não acredito em cura para transtornos psicológicos, mas sei que podemos lidar melhor com eles através dos anos e que podemos aprender bastante coisa com eles também.

    Espero que você esteja bem, sinceramente!

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  • Oi Débora, acompanho você pelo twitter e também pelo instagram faz um bom tempo, gosto e me identifico bastante com suas postagens no twitter e inclusive com seu gosto para filmes, então primeiramente saiba que apesar de não nos conhecermos sou alguém que de certa forma tem um carinho por ti. Agora falando sobre o post, quero agradecer, pois colocou para fora muito do que venho sentido fazem um 5 anos, e nesses 5 anos eu poderia dividir esse sentinento em fase, houve fases em que ele estava completamente fora de controle e houve fases em que eu soube controlar melhor, mas, especialmente nos últimos meses que tive algumas perdas e momentos conturbados em minha vida, tenho questionado inúmeras vezes o que estou fazendo aqui, e se todos temos, de fato, algo para cumprir aqui o que será que eu preciso cumprir…. No meu caso, tem algumas coisas que eu poderia apontar como sendo causadoras de toda desmotivação que venho sentido, como já citei ali em cima, mas o que mais me incomoda em meio a tudo isso sou eu mesma, que um dia eu acordo pensando que preciso aproveitar a vida, no outro eu acordo querendo apenas um colo seguro que me diga que tudo ficará bem, e, no outro eu não suporto nada nem ninguém e tudo que eu quero é me entregar a solidão. Nunca cheguei a procurar ajuda médica, mas já tentei auto medicação (o que não recomendo pois precisei de um susto para ver o mal que estava me causando), e em meio a tudo isso o que tem conseguido me manter mais tempo controlada é a cannabis, não bebo alcool, nunca usei nenhum tipo de outra droga além de remédios (apesar de não considerar cannabis uma droga), espero que não me entenda mal, não estou sugerindo, apenas expondo o que pra mim tem sido uma solução eficaz. E me desculpe se parecer confuso tudo que coloquei aqui. Esse foi mais um dia desses que eu só queria me entregar a solidão e talvez ir pra bem longe e o seu texto fez eu ver que mesmo nos piores momentos não estamos só, sempre há alguém em algum lugar passando por algo igual ou parecido que nós. Obrigada novamente.

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  • Considero que tenho dificuldades pra entender a depressão em si, já lidei pior com ela antes, me disseram que ao se tornar adulta e não ter conseguido lidar com alguns problemas que tinha na infância, isso te assombra pelo resto da vida. Foi difícil no começo, eu costumava me entregar a um sentimentalismo e emoções que fluíam de forma negativa, ao me tornar adulta, vi que não tinha jeito, estava com esse peso e teria que achar uma solução confortável pra enganar o mesmo, querendo ou não as vezes ou a gente se aceita assim ou procura soluções viáveis, no meu caso encontrei o “positivismo” ele me ajudava a enganar pensamentos que me torturavam e a por uma barreira que o aprisionava, funciona bem até hoje, nunca fui a um psicólogo ou busquei soluções em termos médicos e muito menos remédios. Tive que me virar de alguma forma, com o tempo a gente se acostuma, mais os sintomas estão ali, tem horas que está tudo bem, outra hora sem motivo algum, uma ânsia toma conta, baixa-estima e dores de cabeça só de ouvir alguém falar e falar. A gente se isola mesmo, fica presa no presente, e o passado parece que nunca existiu e o futuro fica de modo incerto, nem sempre da pra controlar e a gente acaba por explodir, achei algo que me acalma-se nesse tempo, algo que nas horas de agonia, pode-se me acalmar, amo chá e eles tem ajudado bastante a relaxar, é como um balde de água fria em todo sintoma apresentado naquele momento. Recomendo um filme, que apesar de terror ele mostra algo por trás daquilo, uma mensagem para quem tem depressão, o nome do filme é “The Babadook” , você pode trancar a depressão em si, e as vezes até alimentá-la, melhor trancada do que ela solta, algo assim o filme passa.

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  • Pingback: This is my open letter. | lost in unison

  • Esse texto me tocou muito, pois estou em um momento exatamente igual, algumas palavras que li nele pareciam sair direto da minha cabeça. Tenho 21 anos, e depressão a mais de 8 anos ela vem e volta e isso se tornou comodo.
    Morava com meus avós e eles acabaram falecendo de uma doença terminal, fui morar com minha mãe e meu ex padrasto tentou abusar de mim, desde então tenho muitos problemas, já tentei me suicidar e carrego marcas comigo, me isolo muito, e tudo que eu podia descontava na comida, e do mesmo jeito que engordei emagreci muito de uma hora para outra. Já visitei psiquiatras mas nunca me senti realmente feliz. Aprendi a por uma mascara todos os dias, e ela se desfaz quando fico sozinha, a pior parte é a hora de dormir, sentir medo de qualquer barulho que seja não me deixa ter um sono profundo nem com remédios. Saber que só pode confiar em si mesma é o meu legado, vestir a mascara sorrir e se misturar, ser eu mesma só quando fico sozinha. Talvez algum dia eu coloque a mascara e ela não se desfaça mais, essa é a minha esperança. Espero que você melhore, eu te entendo não é fácil, você não está sozinha, sei que por ai afora há uma legião de mascarados tristes, que não veem sentido se estão respirando ou não.. Beijo garota, desejo força a você e a mim também..

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  • Oi, sei que não tem nada aver com essa publicação mas queria muito saber se vc faz alguma dieta? Ou exercícios físicos?? Ou o que vc faz pra ser tão magra??? Porque você é tãaao magrinha e linda e come um monte de “porcaria”. Me responda por favor!!

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  • Bem, primeiramente eu percebi que tenho algumas coisas em comum com vc, talvez seja por isso consigo ter uma noção.Mas ai que ta, uma coisa que eu gostaria de ti perguntar.Vc se consegue se imaginar sem essas coisas ???

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  • Enquanto lia o seu relato a minha vontade era de dizer: cara, você vai sim se sentir melhor algum dia. Eu sei o quanto depressão é barra, já tive em duas fases da minha vida por anos bem demorados e por motivos muitos (como você disse, não tem um específico, é mais uma descrença total em relação a vida, pessoas e a si mesma). Acredito que cada um possui o seu “caminho da felicidade” e não existe nenhuma fórmula milagrosa, a recuperação é aos poucos mesmo até que um dia você acorda percebendo que já tem alguns dias que se sente bem, sem mais crises. Continuar perto das pessoas que te amam, comer, se exercitar, tudo isso o que você disse funciona mesmo, pelo menos para não deixar a gente passar do fundo do poço. Quando eu estava depressiva também fazia questão de consumir o máximo de conhecimento/cultura que eu pudesse, como se de alguma forma meu cérebro de tanto receber conteúdo me transformasse e transformasse o modo como eu enxergo e lido com o mundo. Enfim, só quero dizer boa sorte!

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  • Já faz uns 5 ou 6 anos, ou minha vida inteira que eu tenho depressão. Sempre achei tudo entediante. Não me deixo aproveitar ao todo as coisas, como se algo ruim fosse acontecer. Tem horas que eu esqueço, tem horas que eu quero me matar. Atualmente tenho 16 anos, e já estou sem esperança. Minha família e ninguém sabe, pelo que eu sei. Eu não conto porque acho que eles não merecem. Não merecem se importar comigo, pessoas como aquelas, que pensam daquele jeito, não aceito que saibam nada sobre mim, eles não merecem. Eu encaro a depressão como minha maneira de ver o mundo, tudo cru e frio, e consequentemente isso me leva a loucura. Teve uma época da minha vida que eu achava que eu não tinha sentimentos, mas não era isso. Era só eu deixando tudo negativo.
    Teve um dia em que eu estava tendo meio que uma crise, e parecia uma falta de ar, uma agonia, eu achei que eu ia morrer, ou que algo muito ruim iria acontecer. Já sentiu isso ?
    É isso, tentei ser o mais sincero possível. Seu texto descreveu bem tudo que passo.

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  • Muito bom o seu texto. Conseguiu descrever muito bem o que eu sinto. Seu blog me ajuda bastante. Obrigada e parabéns pelo trabalho 🙂

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  • queria confessar que acho seu lençol listrado azul e branco muito lindo, nas fotos sua cama parece meio alegre, tipo divertida de se estar (só isso mesmo, beijo)

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  • Oi, você descreve tudo o que várias pessoas sentem, mas passam por um certo “bloqueio” para falar a respeito, seja social ou emocional, parabéns pela atitude de expor tão abertamente o assunto.
    Você já sofreu paralisia do sono?

    E novamente parabéns pelo texto.

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      • Com relação à paralisia do sono, também sofro com essa “desordem do sono”, sofro a anos. Durante a paralisia do sono, você já presenciou algum evento que considerasse “anormal”? Sei que muitas pessoas veem certas coisas, eu mesma já vi tantas que as vezes acredito que estou ficando louca, tem um documentário bem realista que aborda a paralisia do sono, The Nightmare, se você não viu, vale a pena ver.

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  • parabéns por conseguir se abrir assim na internet e ter vários seguidores. eu não tenho nem a metade e não consigo falar abertamente sobre os meus problemas psicológicos, nem com meus amigos mais próximos. mas é fato, desde criança eu me senti diferente e desde a adolescência me deram os diagnósticos de síndrome do pânico, ansiedade e depressão. com o tempo veio a anorexia, a insônia. com o tempo eu desenvolvi doenças físicas (problemas nas costas, problemas no trato gastrointestinal, menopausa antecipada …) e vieram os outros problemas, transtorno bipolar, dismorfia corporal, blablabla. as pessoas realmente não aguentam ficar perto. principalmente quando a crise é grande demais. as pessoas “te mandam” ficar melhor, como se fosse uma obrigação se sentir bem porque tem comida em casa e internet. os últimos anos têm sido especialmente difíceis pra mim e pagar terapia como eu pagava até um ano atrás se tornou inviável, porque de lá pra cá eu saí dos meus dois últimos empregos. quando eu cheguei num ponto crítico esse ano, minha mãe praticamente me obrigou a ir em uma psiquiatra (eu não queria tomar mais remédios porque nunca me adaptava com nenhum) e foi a pior coisa que me aconteceu. eu não dou detalhes porque eu explanei demais sobre isso na época e não tô afim de ser reconhecida, mas eu sofri um acidente graças aos remédios que a médica me passou (4) e to até agora tentando me recuperar. fato que é que eu só saio de casa pra comprar cigarro. só tomo banho quando tenho que sair pra comprar cigarro ou tenho alguma consulta médica. só consigo comer quando fico tonta e sinto que vou desmaiar. só levanto da cama se realmente tenho um compromisso. cada pancada que a vida dá, dói vinte vezes mais. e mesmo que eu esteja na minha bolha, no meu edredom, a vida dá pancadas continuamente. poucas pessoas sobreviveram nesse inferno pessoal junto comigo, e boa parte delas porque eu finjo felicidade perto delas. o que é absurdo, porque quando eu falo algo sobre estar doente ninguém acredita, porque não é visível, e dizem que é tudo frescura. eu cansei de diagnóstico de psiquiatra e psicólogo, to procurando um neurologista que aceite meu plano de saúde pra ver se é alguma desordem química mesmo e o que seria indicado tomar sem fazer experiência (digamos que eu não quero mais cicatrizes e coisas quebradas no meu corpo), porque eu realmente não to aguentando mais viver assim. a única coisa que me agrada é ficar fumando, bebendo coca cola e vendo filmes/seriados sem parar. ridículo. nem eu me aguento mais dentro da minha pele. enfim, acabei desabafando demais. mas depressão pra mim tá sendo isso. há tempos. pelo menos eu consegui parar com o self harm. pelo menos isso.

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    • Oi Olive, me identifiquei bastante com algumas coisas que você passou. Já desenvolvi muitas doenças por causa da depressão também. Inclusive físicas. Também não aguento mais remédios e estou fazendo de tudo pra tentar reduzir a quantidade. Pois além de tudo ainda tenho o tratamento pros meus problemas com enxaqueca e coisas do cérebro. Meu estômago vive estragado. Estou tentando sessões de apometria e regressão como último recurso. Por mais que não acredite muito nessas coisas eu só quero ficar melhor sabe? E tratamento nenhum parece funcionar a longo prazo. Às vezes no início parece funcionar mas depois cai na mesma coisa de sempre. Mas é isso, espero que fique bem.

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  • Oi Débora. Te acompanho há bastante tempo, nem sei mais quanto. Você é uma pessoa bem reservada e admiro sua coragem pra expor o que sente em relação à “ela” porque sei que falar sobre qualquer tipo de coisa pode ser exaustivo, imagina falar sobre a causa da exaustão… Não é fácil falar. Não é fácil ficar calada. A gente prefere não falar porque sabe que vai ouvir bobagem dos outros. Eles dizem que isso é besteira, que passa… Chamam os soldados que pereceram na guerra de covardes… Porque sim, lutar contra “ela” é como lutar numa guerra. Cada segundo que passa é agonizante. Cada segundo que passa é a crescente incerteza tomando conta de nós. Cada segundo que passa nós nos perguntamos “quando isso vai acabar?”… Muitas vezes, os soldados tiram suas vidas por não aguentarem a pressão. Muitas vezes, outros soldados carregam cicatrizes pelo resto de suas vidas. Muitas vezes, os soldados que tentaram tirar suas vidas são ajudados por outros soldados porque esse segundo grupo sabe que sozinho é mais difícil, porque sabem que de mãos dadas é mais fácil. E é por isso que eu, você e muitos outros ainda estamos aqui, porque alguém (ou nos mesmos) segurou nossas mãos. Somos fortes. Somos guerreiros. Somos soldados que merecem várias e várias medalhas. Merecemos medalhas por honra ao mérito ou bravura, tanto faz. Nada muda o fato de que sobrevivemos até aqui, até agora. Débora, você ganhou mais uma medalha ao escrever sobre “ela”, ao colocar um pouco dessa agonia pra fora. Parabéns, minha guerreira. Sinta um abraço bem forte agora, tá?

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  • Débora, te acompanho faz tempo e nunca pensei que um dia você fosse se abrir um pouco pra falar algo relacionado a você, sei que você é muito reservada e deve ter sido bastante difícil falar disso, porque você tá falando da sua vida e está tirando um tijolinho da muralha que você construiu ao seu redor, eu já tive depressão e é realmente horrível, pensava tantas coisas negativas e era tão pessimista que chegava a ter dores de cabeça, e lendo esse texto eu senti uma vontade enorme de criar uma fórmula e dar pra você tomar pra poder colocar pra fora tudo de ruim que possa estar no seu corpo e na sua mente, e criar uma casinha e deixar você lá pra ficar protegida de tudo de ruim e pra você poder dormir sem ter nenhum espírito que possa te incomodar de alguma forma, mas a única coisa que posso fazer é desejar de todo o meu coração que você fique bem, e que essa depressão vá embora e que a felicidade que vier fique mais tempo na sua vida e que você tenha paz interior, tudo de bom, beijos.

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  • ola como vai moça? te sigo no insta !!!!
    Achei interessante o que você disse, sobre estar depressiva ser ter um motivo, de ter medo de estar sozinha consigo mesma.
    Também sofro um pouco disto e somente quem passa por uma situação desta pode dizer.
    Estar preso na sua própria mente, nas sua limitações, coisas simples que as pessoas fazem para nos é uma luta
    Se quiser conversar estou aqui, te sigo no insta e se quiser uma amigo para desabafar, sou ótimo, so não me ajudo rsrsrs
    ate mais , esta ai meu email caso queira falar comigo, uma abraço gigante e quero te ver bem…
    Ailton Gomes

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  • Lendo o texto e os comentários me senti incomodada pela familiaridade que me causou algumas condições que citam estar passando e pela maneira que lidam com elas. Não sei se devo me preocupar pois sou jovem, talvez qualquer um da minha idade esteja passando por isso e seja coisa da minha cabeça mas fico num debate mental se devo ou não procurar ajuda e realmente me interessar dessa vez. Não sei o que fazer.

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  • Débora, você já vai a algum psicólogo? Talvez precise de um.
    Não tente se sufocar com os seus pensamentos, fazendo com que se sinta pior sem perceber e gostando de como se sente por achar confortável. Todos nós passamos por coisas ruins, mas percebo que você é uma pessoa que gosta deste lado mais ”escuro”, passa por coisas ruins e gosta de ficar ali. Tente ver as coisas por outro lado. Tenha uma vida do outro lado. Espero que me entenda.

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  • Débora, desde que te sigo, sempre senti que tivesse afinidade contigo. Sempre respeitei tuas opiniões e, na maior parte do tempo, também sempre concordei com elas. Diante desse texto, a afinidade cresceu muito. Tenho depressão e transtorno de ansiedade desde os 14 anos. Não gosto de admitir muito tudo isso porque fico envergonhado, muito raro alguém entender ou dizer algo que realmente funcione. Depois de várias tentativas de conversar sobre isso, decidi que o melhor remédio pra mim seria apenas conversar com a minha psicóloga, já que ninguém conseguia me entender. A maturidade me ajudou a lidar um pouco mais com isso, já que depois de 4 anos me sentindo assim, consigo administrar um pouco mais meus pensamentos, mesmo que as vezes de forma muito difícil. Me sinto muito sozinho na maior parte do tempo e sempre imagino cenários da minha morte. Se estou no carro, penso que alguém pode bater em mim a qualquer momento e desfruto, calado, desse pensamento. Penso, também, se as pessoas iriam se importar. Se iriam se arrepender de não terem tentado mais, se importado mais, ajudado mais. Peço pra que postes mais sobre isso, já que ajuda ver que outras pessoas também se sentem assim, a gente acaba se sentindo menos só.

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    • Oi, nossa. Eu vivo imaginando situações assim em todo lugar que vou. Como essa que você citou do carro. Estou tentando escrever sobre essas coisas com mais frequência. Fico contente quando vejo que tem bastante gente que me acompanha faz tempo que passa pelo mesmo.

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  • Há um ano e 10 meses, eu e minha mudamos da casa da minha avó, por ter muitas brigas com outros parentes e acharmos que estava na hora de ter nosso cantinho. No primeiro ano, eu ainda estudava, então “tinha o que fazer”. Mas em 2015… Eu aflorei a minha depressão, eu sempre fui meio tristinha para certas coisas, mas agora, tudo me chateava, me tirava do sério, me incomodava… Até que me fechei. Eu namorava (E graças a Deus, pois ele foi minha única saída), mas mesmo assim, me faltava algo… Me afastei dos amigos da antiga escola (isso já em 2014). E o meu fundo do poço, foi as vezes que tentei tirar minha vida, com remédios. Mas não era a minha hora, o único efeito foram longas horas de sono. Eu acredito que melhorei muito, com o tempo e abrindo meu coração para minha mãe. Me identifiquei muito com o texto, obrigada, Débora.

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  • Adorei como você conseguiu explicar um pouco de como é ser depressivo. Conforta saber que não estamos sozinhos nessa, que tem pessoas que entendem pelo que passamos…

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  • Eu não acho que tenho depressão clinicamente falando. Mas o meu estado interno é a melancolia. Sou um cara permanentemente melancólico. A vida nos induz à tristeza, loucura, doenças e adicionando mais o fato de que o mundo é ruim. Eu tento me apegar a pequenos prazeres como álcool, leitura, estudo de novos idiomas e sair as vezes no final de semana é bom. Tudo não passa de um mecanismo para suportarmos o tédio da vida.

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    • Gab, gosto muito. Desde pequena fui muito ligada nisso. Mas estou bem desatualizada. O único mangá que até hoje eu leio é Berserk. Mas posso fazer um post sim com meus favoritos.

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  • Faço terapia e acumpultura a quase quatro anos e me lembro até hoje do primeiro dia que fui la e a mulher me disse que entrei no dia certo, se eu demorasse mais eu entraria em depressao profunda e sabe la como eu ia conseguir levantar.
    Quem me mandou pra la foi minha mae, ela me disse que tinha medo de olhar pra mim uns dias e realmente percebeu que nao estava nada muito legal comigo.. hoje ja estou evoluindo, aprendendo um pouco a lidar com as pessoas e cmg mesma. Sei como é tudo isso e ja perdi muiiitas amizades pq nao queria sair do meu conforto e as expulsava do meu ~muro protetor.
    Talvez o pior de tudo é que eu me lembro o que foi que me deixou mal e me mudou pra td que sou hoje: um amor maldito não recíproco de quatro anos atras que,infelizmente, ainda pega no meu pé… acho esse sentimento o mais perigoso quando tomado em doses erradas. Em mim pelo menos teve um efeito catastròfico
    (Sorry pelo textao, mas fico feliz de ver voce falando sobre seus sentimentos, é uma boa maneira de aprender a lidar)

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    • Oi Deborah, adoro textões nos comentários. Sempre me indicaram acupuntura para enxaqueca. Para depressão nunca. Estou procurando essas alternativas agora porque não aguento mais remédios.

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  • Esses dias li que depressão é não ligar pra mais nada e ansiedade é ligar demais pra tudo, ter ambos é o inferno. As vezes eu fico sem saber o que diabos minha cabeça quer quando ataca a depressão e a ansiedade ao mesmo tempo, começam a brotar ideias tão opostas sobre o mesmo assunto que só me resta encarar o teto e ficar “?????”. Hoje eu sei lidar melhor mas ainda tenho meus “episódios”, minha mãe sempre fala que não entende o porquê que tenho tudo isso e eu sempre respondo “Se eu mesma soubesse não acha que eu tentaria dar um jeito e evitar?”. Também não sei o que é estar 100% e acho que nunca vou saber, mas vamos levando a vida do jeito que dá, lutando talvez um pouco mais do que os outros. Ótimo texto.

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  • Débora, acredito que para expormos nossos sentimentos em um texto é bem complicado, principalmente quando é algo tão profundo. Em minhas visitas à psiquiatras durante toda minha trajetória, fui diagnosticado com depressão, e os médicos me passavam as medicações pra tratar. Simplesmente na minha cabeça eu não quis me submeter a medicações anti-depressivas. Eu até mesmo sai do trabalho por não conseguir mais lidar com tudo isso, estresse e emocional abalado. Recentemente, tudo o que você escreveu veio à tona. Sofro muito com ansiedade e a depressao veio com tudo. Sofro muito também com auto-estima, a minha é super baixa. Comecei a trabalhar pensamentos positivos, porque quanto mais ficamos sozinhos pior é para nós, porque começamos a imaginar coisas que nem fazem mais sentido. O famoso pensamento acelerado. Então procuro sempre respirar o famoso ar puro. Quer seja andar de bicicleta ou caminhar, isso tudo é muito bom. Eu aceitei que tenho problemas emocionais e agora é ir atrás de cuidar. Fiquei muito feliz com suas dicas de que temos que cuidar da depressão, podemos viver e até ignorar por assim dizer, mas às vezes ela merece uma certa atenção. Saiba que você não está sozinha nessa situação que não é fácil, principalmente quando ataca tudo junto e você não sabe o que fazer, apenas desaparecer. Obrigado e espero que você consiga equilíbrio nisso tudo.
    Recentemente li o livro “ansiedade” do Augusto Cury, esse livro aborda esse assunto e nos ajuda a trabalharmos ele.
    Beijos.

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    • Oi Felipe, eu tenho tendência a me isolar sempre e passo muito tempo sozinha. É bem complicado. Eu não recusei o tratamento mas hoje em dia quero me livrar dele e é muito difícil. Respirar ar puro é essencial e faz muito bem mesmo mas eu acabei desenvolvendo um pânico de sair de casa também então é bem complicado pra mim. Vou procurar esse livro. Obrigada pela dica.

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  • Recentemente perdi uma pessoa pra esse monstrinho aí sem saber o que estava rolando ao meu redor. Desde então procurei por tudo que me explicasse, na rea, o que tinha acontecido, mas nessas horas não queremos ler um laudo médico, né? A falta de informações sobre esse assunto chega a ser assustadora diante da força que esse monstrinho tem na nossa vida. Só quis compartilhar isso pra te agradecer mesmo. Me sinto mais confortável agora.

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  • Oi, você escreveu tudo o que eu queria dizer a alguém quando digo que tenho depressão e ela pergunta “mas porque você tem?” ou quando diz “isso é besteira sua”. Eu sempre fico com receio de falar sobre isso e é horrível. É muito difícil lidar quando sua mente é sua inimiga. Espero um dia dizer “sou feliz” e você também, Débora. Obrigada por esse texto.

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